Não precisa tirar as crianças da sala! Elas também podem participar de sessões de hipnoterapia.
Conforme já abordamos em um texto recentemente publicado aqui no blog, a hipnoterapia é uma técnica utilizada por muitos terapeutas para tratar fobias, distúrbios e traumas. Ela possibilita o gerenciamento de situações e emoções desafiadoras, a partir do fortalecimento do equilíbrio emocional. Sendo assim, qualquer pessoa pode se beneficiar do tratamento terapêutico com abordagem ericksoniana, inclusive as crianças. A hipnose para elas é capaz de melhorar, e muito, sua qualidade de vida, sua capacidade de aprendizado e o seu foco, além é claro de ajudá-los a entender melhor e gerenciar melhor suas emoções.
Crianças também têm desafios, sentem dor, têm dúvidas, questionamentos, sentimentos que não sabem explicar e traumas que rodeiam permeiam suas jovens cabecinhas. Crianças, assim como os adultos, também podem precisar de ajuda, e nem sempre os pais são as melhores pessoas para ajudar os pequenos a encontrarem o caminho para solucionar seus problemas.
A grande maioria dos pais procura conversar e entender o que as crianças têm a dizer para ajudá-los a encontrar uma forma de lidar com seus problemas, mas acabam se sensibilizando e se culpando pelos desafios e questionamentos que seus filhos têm. Então na hora de ajudar as crianças, a maioria acaba não conseguindo e acaba se frustrando. Resultado? Os pais vão para terapia…
Mas porque não enviar os filhos também, para desfrutar da experiência de ter um profissional acompanhando sua jornada? As crianças estão no começo da vida e, aprendendo a tomar decisões para suas vidas, ponderando o que é melhor e o que não é tão interessante assim, pode ajudá-las a evitar ou minimizar muitos problemas que elas teriam quando adultas.
A programação da mente de qualquer pessoa começa quando ainda estamos na barriga de nossas mães e se consolida com as primeiras experiências que temos no mundo.
Quando saímos da segurança do útero materno, onde nossas necessidades mais básicas eram supridas, precisamos nos comunicar para conseguir o que queremos, e a forma que utilizamos para fazer isso é o choro. É por meio dele que, no início de nossa jornada no mundo, pedimos por alimento, aquecimento e higiene. Esse é o nosso primeiro desafio da vida.
A partir dali, cada vez mais e mais desafios vão chegando e vamos crescendo e nos desenvolvendo baseados nas experiências que vivemos. Nessa jornada, somos influenciados pelas pessoas que temos mais próximos de nós: nossos pais ou quem nos criou. Essas pessoas são nossa maior referência, seguida por nossos professores que nos direcionam e guiam nossos passos em nossas fases de desenvolvimento mais importantes da vida.
A jornada de desenvolvimento de uma criança não é algo simples. Há muitos desafios e situações a serem vivenciadas. Algumas são extremamente prazerosas e outras, se não cuidarmos, podem se tornar traumas para a vida toda.
Um trauma não é somente algo chocante e grandioso na vida de uma criança. Traumas podem ser coisas mais “simples”, se é que podemos chamar assim. Pode ir desde uma frase dita de forma impensada por um adulto “você não faz nada direito, é burro”, até algo que não necessariamente foi direcionado à criança, como por exemplo, presenciar uma briga entre seus pais onde há agressão de qualquer tipo e demonstração de falta de amor.
Uma das grandes vantagens da hipnose para crianças é a facilidade de estimular o imaginário. Para isso, alguns recursos que podem ser utilizados são por exemplo, o uso de metáforas, que nada mais são do que histórias.
Se o terapeuta atende por exemplo um menino de aproximadamente 6 anos, branquinho, de cabelo bem pretinho e cacheado que tem um coelho de pelúcia de estimação, ele pode contar a história de um menino muito lindo que ele conheceu há muito tempo atrás, que se chamava por exemplo, João. João era um menino bem branquinho de uns 5 ou 6 anos, cabelos cacheados bem pretinhos e que tinha um amigo inseparável, o coelho Sansão, exatamente como seu cliente.
Ao imaginar, e isso as crianças sabem fazer muito bem, pode haver o estado de transe e a reprogramação de experiências indesejáveis que podem vir a se tornar resoluções permanentes. Os pequenos só têm a ganhar!
Dentre os muitos benefícios que as crianças podem desfrutar ao passar por sessões de hipnoterapia estão:
Hiperatividade é a agitação fora do normal, ou seja, é a presença de níveis de atividade infantil muito maior do que o das outras crianças. Esse sintoma é um dos componentes do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Rotuladas como “crianças que não param quietas”, os hiperativos têm muita dificuldade de permanecer em uma única atividade, como acompanhar aulas, assistir TV e cumprir tarefas em geral. Além disso, há impulsividade e excesso de movimentos físicos. Dificuldade na aprendizagem e nos relacionamentos com os colegas e, até mesmo, com os familiares são as principais consequências.
Na hipnose, busca-se a origem do sintoma, trabalhando com a compreensão e a reprogramação na mente da criança. Por se tratar de uma terapia breve, o método foca no problema específico, visando eliminar a dificuldade do inconsciente, ao trazê-la à tona. Desse modo, é possível enfrentá-la e reprogramá-la.
O profissional poderá investir em técnicas que estimulem a concentração, apresentando os seus benefícios, sem nunca demonstrar censura à situação da criança.
Fazer xixi na cama, roer unhas, puxar cabelos… Existe uma série de hábitos ruins e não saudáveis que podem se manifestar nas crianças. Seja como mecanismo inconsciente para chamar a atenção dos pais, lidar com ansiedade e situações difíceis ou mesmo para demonstrar a incapacidade frente a determinadas atividades que lhes são impostas, os sintomas sempre estão ligados a uma razão.
O terapeuta que trabalha com a hipnoterapia vai direcionar o foco de trabalho para a superação do desencadeador do comportamento e permitir que a criança siga em frente, entendendo que ela é capaz de mudar, exclusivamente, a si mesma e pode fazer isso para o seu bem-estar.
Como já dissemos, a infância é uma fase difícil, com muitas mudanças. A perspectiva infantil confere grandes dimensões para fatos rotineiros e está sempre sob a expectativa dos pais, em busca de aprovação.
Pequenos acontecimentos podem representar traumas e dificuldades para a criança e acompanhá-la durante toda a vida. Até mesmo um medo que é da mãe ou do pai, como o da chuva, por exemplo, pode se manifestar no pequeno, tamanha é a influência que ele sofre.
Apesar de tal intervenção — que é natural —, aos poucos, a criança deve buscar por sua independência, fazer as próprias escolhas e se firmar como indivíduo na sociedade.
A hipnose tratará a fundo essas questões, por meio de metáforas aos problemas emocionais. Ao serem sugeridas, elas jogam luz ao causador da situação indesejável.
Em transe, a criança poderá redirecionar a sua compreensão do fato e reinterpretá-lo como um simples acontecimento do passado, não mais marcante e prejudicial em sua vida presente.
Os relacionamentos são essenciais para o desenvolvimento das crianças. Ao conviver com os seus pares na escola, por exemplo, são estimuladas certas habilidades sociais, como a aceitação das diferenças e o autocontrole.
De acordo com o psicólogo e pesquisador Michel Boivin, da Universidade Laval, no Canadá, 5% a 10% das crianças passam por situações de dificuldade crônica no relacionamento com os seus pares, incluindo a rejeição e o assédio.
O sentimento de reprovação dos pais, a obesidade, a gagueira, a timidez, a rejeição pelos colegas nas brincadeiras podem prejudicar gravemente a qualidade dos relacionamentos que a criança estabelece ao longo de sua vida.
Aprofundar na causa, fazer os pequenos entenderem que existem muitas possibilidades de firmar novos relacionamentos saudáveis e aprimorar outros até então complicados são os caminhos percorridos na hipnose.
Como seres sociais, o convívio torna a vida mais fácil e prazerosa. Investir nisso é uma boa escolha. Ao estabelecer a maturidade emocional, que também é estimulada pelo tratamento, o pequeno pode entender as suas potencialidades e os seus limites, buscando o desenvolvimento e usando-o a seu favor.
A hipnose para crianças é um procedimento considerado de baixo risco e não invasivo. Portanto, é sim recomendado para a maioria das crianças. O tratamento é indicado a partir dos 3 anos de idade e deve sempre haver autorização dos pais e acompanhamento de um profissional qualificado.
Agora que você já sabe como funciona e conhece alguns dos benefícios da hipnose na vida dos pequenos, e principalmente se você tem crianças em casa ou conhece alguém que tenha e esteja passando por desafios que podem comprometer seu aprendizado e sua qualidade de vida, que tal consultar um profissional responsável para guiar essa criança em seus primeiros passos na jornada da vida?