SOLUÇÃO VERSUS RESOLUÇÃO TERAPÊUTICA
Solução geralmente é qualquer coisa que você faça, com o objetivo de encontrar uma saída, para qualquer contexto problemático em que esteja vivendo.
Como consequência de uma sociedade que possui um ritmo dinâmico e fluído, onde as pessoas, em suas perspectivas de vidas, não possuem tempo para perder “trabalhando os problemas”, as estratégias solucionadoras adquiriram um caráter de preferência, por ofertarem resultados práticos e objetivos. Assim, em grande parte do contexto atual, solução é toda e qualquer prática, que ajude uma pessoa a se livrar, o mais rapidamente possível, de qualquer dificuldade que esteja presente em sua jornada. Quanto mais rápida e mais eficaz for uma estratégia, melhor posição ela ocupará no hall das melhores técnicas e conhecimentos do momento.
Porém ao tentar contextualizar essa dinâmica de praticidade e objetividade no contexto psicoterapêutico, no trato com o mundo interior, os interessados em “acelerar processos”, encontraram inúmeras dificuldades.
Foi-se observado que por mais que tais estratégias traziam certo alívio aos sofrimentos emocionais e relacionais, os padrões de sofrimento eram reacendidos mais tarde, através de um novo ou mesmo “sintoma” , demonstrando que o “foco” do conflito interior continuava atuante no sistema psíquico. E o problema é muito mais fácil de explicar do se imagina: estratégias objetivas e práticas, não funcionam de uma maneira mais profunda para promover mudanças, porque possuem características que conectam e conseguem potenciar apenas a dinâmica da mente consciente (que representa somente 5 % da possibilidade de mudança) e por isso, ativam uma porcentagem muito pequena do ser, impossibilitando transformações mais duradouras.
Enquanto o cliente estiver em sua jornada de transformação interior, as estratégias solucionadoras até servem para trazer certo nível de regulação, visando proporcionar algum tipo de qualidade emocional, dentro do processo clínico.
Porém se o mesmo não aprofundar o trabalho, buscando os aspectos implícitos e a conexão com a mente não-consciente, o germe dos sofrimentos emocionais emergirão novamente, dando continuidade aos estados de desarmonia.
Se quisermos mobilizar construções sustentáveis e duradouras, conosco mesmo e com nossos clientes, precisamos ir além das práticas solucionadoras… precisamos aprender os procedimentos que nos auxiliam a gerar processos de resolução interior.
A palavra resolução, apesar de em alguns momentos apresentar o mesmo significado que solução, vem indicar dentro do contexto clínico, estratégias que promovam uma mudança mais duradoura, por terem a característica de atuar com os 95% responsáveis por toda transformação interior (mente não-consciente).
São construtores de transformações estruturais duradouras, promovendo a reorganização nas associações emocionais de sofrimento, assim como o afloramento de perspectivas mais amplas e saudáveis sobre si mesmo. E essa diferença de resultados, em relação às estratégias solucionadoras, acontecem porque os procedimentos resolutores apresentam uma filosofia de trabalho (princípios e atitudes), um tipo de linguagem (indireta), um contexto de trabalho (campo relacional) e uma condição de aprendizagem (estado de transe), que ativa o dinamismo da mente não-consciente e toda sua sabedoria.
5 Elementos de transformação duradoura
Citarei cinco elementos que quando construídos, na experiência clínica com o cliente, permite que ele possa construir transformações duradouras: direcionamento da atenção, desconexão dos modelos limitantes, abertura ao inconsciente, processo inconsciente e resposta hipnótica.
Durante a direcionamento da atenção, vamos compartilhando estímulos que permitem que a atenção do cliente, possa se direcionar com maior conectividade ao seu mundo interior enquanto, como consequência disso, ele vai se desconectando das distrações habituais e ambientais.
Na sequência utilizamos estratégias que permitem que ele possa flexibilizar a relação , com todos os modelos mentais e emocionais que limitam sua capacidade de se sentir mais empoderado e perceber sua vida, por perspectivas mais amplas.
Com esses dois elementos bem sedimentados, teremos condições internas para ativar , através das estratégias indiretas, as associações da mente inconsciente (abertura e processo do inconsciente).
Através dessas associações inconscientes, direcionamos a atenção do cliente, para ele reconhecer e verificar os efeitos que são gerados em sua percepção, através de novas informações que espontaneamente emergem (resposta hipnótica) auxiliando na geração de novas aprendizagens e, verificando as consequências que as mesmas geram em seu empoderamento.