ACT Institute | O ACT Institute Brasil é o Maior Instituto de Hipnose do mercado e referência internacional em Hipnose Ericksoniana. Dr Stephen Paul Adler, PhD, seu presidente-fundador, é discípulo de Milton Erickson, sendo o único trainer habilitado por ele em toda a América Latina.

ERRAR NA EXPERIÊNCIA CLÍNICA… O QUE SIGNIFICA E COMO LIDAR DENTRO DA FILOSOFIA ERICKSONIANA? PARTE 1

“ERRAR É HUMANO… MAS COMO LIDARMOS COM O MESMO QUANDO O QUE ESTÁ EM JOGO É A SAÚDE PSICOLÓGICA DE OUTRA PESSOA?”

 

Quando decidimos levar em frente qualquer empreendimento, admitimos em sua execução tanto o risco de tomarmos escolhas que nos auxiliam a construir as consequências desejadas, quanto de atitudes desalinhadas que nos afastam do mesmo.

O erro, dentro das nossas escolhas e ações, é um dos elementos que fazem parte da experiência da aprendizagem de qualquer habilidade, quando algumas fases e informações necessárias para que o sucesso possa ocorrer, ainda não estejam desenvolvidas a contento.

Por causa disso sua presença (do erro) sempre será um convite para o desenvolvimento ou fortalecimento de determinados recursos que sejam imprescindíveis para a execução de qualquer obra.

Como terapeutas estamos sujeito a tomarmos caminhos, no convite da construção clínica com nossos clientes que muitas vezes, ao invés de estimular às compreensões e resoluções internas necessárias, que gerariam ampliação de sua saúde psicológica e autonomia pessoal, acabam por nos afastar dos bons resultados almejados.

Diante da experiência do erro somos convidados a um misto entre uma atitude de responsabilidade, visando assumir as consequências de nossas escolhas, como também de respeito aos nossos limites, no reconhecimento que errar faz parte de toda construção humana.

Mas diante da experiência do errar qual seria o limite entre a negligência e humanização? Onde está a fronteira que separa as falsas falsas expectativas quanto a nós mesmos, respeitando nossos limites humanos, ao mesmo tempo em que possamos cumprir a boa função de facilitadores do processo clínico da pessoa que nos procura?

Enfim… dentro da filosofia Ericksoniana como somos convidados a lidar produtivamente com o erro?

 

EU OBSERVO … EU IMAGINO…

“UM DOS PRINCIPAIS MOTIVOS DE ERRO NA CLÍNICA, É BUSCAR COMPREENDER O CLIENTE SEM O OBSERVARMOS COM QUALIDADE”

 

Na formação em Hipnose Ericksoniana existe um exercício que praticamos com os alunos chamado “Eu Observo, Eu imagino”.

Seu objetivo é mostrar como nossa imaginação foi treinada para construir percepções sobre nós mesmos e sobre o mundo (incluindo as pessoas), sem ter um cuidado de observar mais cuidadosamente a experiência sobre a qual estamos construindo percepção.

Durante sua prática o aluno realiza três observações para depois realizar uma imaginação, sendo orientado a refazer o exercício cada vez que na hora que fizer observações, acabar realizando interpretações.

Tal “correção” tem como objetivo, desenvolver a aprendizagem de “como observar e por quanto tempo observar”, para que nossas “interpretações” estejam mais alinhados com a experiência interna da pessoa e assim, possamos construir compreensões de decisões que gerem melhores resultados.

“IMAGINAR PODE SER UM RECURSO PARA VOCÊ SE APROXIMAR DO SEU CLIENTE OU PARA VOCÊ DEIXÁ-LO SOZINHO”

 

A imaginação quando acontece contextualizada, ou seja, buscando interpretar uma situação após um trabalho de qualidade observacional, recebe inúmeros elementos que pertencem a experiência sobre a qual estamos buscando construir um saber, facilitando que a percepção que estamos construindo construa uma proximidade maior (nunca absoluta) do que verdadeiramente representou aquela situação (qualquer que seja ela).

Mas Alexandre, o que tem a ver esse exercício com a experiência do errar? Qual relação pode existir entre uma prática de observação e imaginação, e a reflexão que estamos desenvolvendo sobre como em Hipnose Ericksoniana lidamos com o erro?

Dois são os fatores primordiais em que esse exercício nos ajuda a esclarecer como, clinicamente, é a melhor forma para lidar com o erro:

1. Engajamento e Imaginação contextualizada.

2. Ajuste e exploração clínica.

 

IMAGINAÇÃO CONTEXTUALIZADA.

“ A MELHOR FORMA DE EVITAR O ERRO É CONSTRUIR UMA FORTE CONEXÃO COM O CLIENTE”

 

Uma das maiores formas de lidar nos qualquer erro, é utilizarmos um conjunto de procedimentos que possa prevenir seu acontecimento.

Na experiência clínica, isso significa verificar a melhor forma para construir compreensão e e realizar tomada de decisões, visando garantir a melhor experiência terapêutica.

Em Hipnose Ericksoniana, isso vai significar construir um nível de conexão com o sistema do cliente, e buscar construir compreensão sobre suas necessidades e estratégias interventivas que estejam alinhadas com as informações que estão vindo através do cliente.

Como assim? Você poderia trazer maiores informações?

Voltemos ao exercício exposto acima…

Quando realizamos três observações, buscando nos conectar com o sistema do cliente, para a partir dai construir uma imaginação, estamos na verdade treinando nossa capacidade de ir ao seu encontro, alinhando nosso sistema com o dele, em um processo contínuo de aprofundamento de conexão, observando as informações valiosas que possam surgir na manifestação de seus comportamentos verbais e não verbais, construindo nossa capacidade de compreender as “verdadeiras” necessidades clínicas.

Esse tipo de procedimento ajuda para que a percepção não cai em uma fantasias vazias, que é típico acontecer no processo terapêutico, pois estamos buscando embasar nossas construções naquilo que efetivamente surge da outra pessoa, depois de um certo tempo de observação do seu comportamento.

Dessa forma a melhor maneira de prevenir a experiência do erro no processo clínico é construir um bom nível de engajamento (conexão profunda) para permitir que nosso sistema, mais conectado com o do cliente, possa decodificar maiores informações que venham de suas referências internas e, compreendendo melhor suas necessidades, seja possível construir percepções estratégicamente mais adequadas.

Porém, é claro, nenhum procedimento, por mais completo que seja, consegue evitar a experiência do erro no processo clínico, então a próxima reflexão, que é necessário efetuar, está relacionado ao que fazer quando erramos diante do cliente, durante o processo terapêutico.

No texto da semana que vem iremos abordar a melhor estratégia Ericksoniana para administrar e superar os possíveis erros que ocorram dentro do processo psicoterapêutico.