Milton Erickson: Uma nova visão da psiquiatria – Parte 2
Milton Erickson traz um modelo de ser humano diferente das perspectivas que vinham estudando o inconsciente, que antes era tratado como caldeirão de pulsões instintivas que se chocavam com os valores culturais e que parte da função da consciência era administrar esse conflito. Erickson vê o inconsciente como uma fonte de crescimento e integração, ele tem a percepção de que o inconsciente tem uma dinâmica que constantemente convida ao processo do amadurecimento interior, integração psicológica e de cura.
O paciente já não é alguém que precisa ser consertado, mas sim alguém que possui uma riqueza muito grande e que parte do seu processo de cura está em ampliar a conexão consigo mesmo, para que ele possa acessar essa autoridade no seu processo de crescimento e possa construir uma percepção diferente em relação a si mesmo.
A relação terapêutica sofre mudanças, porque em muitas terapias psicológicas o poder está nas mãos do terapeuta. Erickson muda essa relação de poder, se a autoridade está no mundo interno do paciente, então o processo de cura está em criar as condições favoráveis para que durante a jornada terapêutica possamos dar espaço a bússola interior do paciente.
Na visão ericksoniana, o terapeuta sai da posição de ser a autoridade terapêutica, para ocupar o papel de facilitador, visando auxiliar o paciente a se conectar com a verdadeira autoridade de seu processo de cura, que é sua mente inconsciente.
A hipnose ericksoniana aumenta o empoderamento do paciente, pois diminui a dependência do cliente ao hipnoterapeuta, favorecendo que na medida em que ele vai estreitando a relação com a própria bússola interna, aprenda a organizar os processos internos que mantém seu desenvolvimento, equilíbrio interior e cura.
O começo
Milton Hyland Erickson foi um psiquiatra norte-americano especializado em hipnose médica e terapia familiar. Fundador da Sociedade Americana para Hipnose Clínica, desenvolveu estudos sobre a hipnose a partir da premissa de entrar em estado de transe, ao menos uma vez por dia e de forma espontânea, é natural para o ser humano.
Aos 17 anos contraiu poliomielite e chegou a ficar tão paralisado que os médicos acreditaram que ele morreria. A paralisia sensorial o impedia de mover qualquer parte do corpo, exceto os olhos. Entediado começou a observar as pessoas ao seu redor.
Tornou-se ciente do significado da comunicação não-verbal – linguagem corporal. Percebeu o modo como essas expressões não verbais contradiziam diretamente as verbais.
A partir daí começou a estudar a linguagem não verbal e corporal. Com o passar do tempo percebeu que sua imaginação produzia uma resposta ao seu corpo, por essa descoberta aprendeu sozinho a andar, chamando este feito de “memórias do corpo”.
Concentrando nessas memórias e usando a visualização, Erickson começou a recuperar o controle sobre seu corpo. Nos anos 20 foi estudar medicina e como especialidade escolheu a psicologia. O momento decisivo para sua futura carreira foi o encontro com o professor Clark L. Hull, especialista em hipnose, tornando ela essencial em sua prática clínica.
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