Você sabe o que é Hipnose Clássica e Hipnose de Palco?
Como a primeira influenciou Milton Erickson e como a última interfere negativamente na eficácia da Hipnose Ericksoniana
Em um de nossos últimos posts falamos sobre a Hipnose Ericksoniana e, agora, acredito que você conheça um pouco mais sobre a técnica e sobre o estado de transe. Estes dois assuntos nos fornecem um vasto campo de análise tanto por sua complexidade individual, como pelo fato de serem complementares entre si.
Para que a Hipnose aconteça, faz-se necessário que o primeiro passo dado seja o transe hipnótico, assim como é indispensável o conhecimento hipnótico para que o estado de transe seja estabelecido. O estado de transe é a chave tanto para a Hipnose Ericksoniana como para a Hipnose Clássica.
Ao traçarmos uma linha temporal referente ao desenvolvimento da Hipnose, veremos o quanto a Hipnose Clássica contribuiu para a criação da Hipnose Ericksoniana. Foi ao praticar a Hipnose Clássica que Milton H. Erickson notou a força da mente inconsciente, o poder transformacional do estado de transe e a pouca efetividade da sugestão direta; foi a prática deste conhecimento clássico que o estimulou a aperfeiçoar a Hipnose e elevá-la a um patamar acima.
Foi graças às principais características da Hipnose Clínica que podemos, hoje, usufruir de uma técnica eficaz, transformadora, que respeita tanto o indivíduo como suas crenças pessoais. É graças a ela, também, que você, no papel de praticante da Hipnose Ericksoniana, seja para uso pessoal profissional, pode vivenciar benefícios como:
Por outro lado, foi por causa da Hipnose de Palco que a imagem da Hipnose Ericksoniana como um todo sofreu uma mudança drástica e, por vezes, negativa. A Hipnose de Palco foi criada para entreter e, até hoje, é amplamente usada para este intuito. A problemática vinculada a ela está no fato de que muitos transvestem esta forma de “entretenimento” como uma técnica de cura e, por meio dela, difundem conceitos errôneos a respeito da área.
E é esta imagem degradante e errada, que personifica o controle do outro e o escracho, a escolhida para ser veiculada a exaustão, ao invés da imagem correta vinculada à cura. Além de controversa e questionável, a Hipnose de Palco não oferece benefício algum, servindo apenas a finalidade de causar constrangimentos, vergonha e, até mesmo, traumas, por meio de técnicas ilusórias e de enganação (vide exemplo de um “hipnoterapeuta” que faz uma pessoa acreditar comer uma maça quando, na verdade, está comendo cebola). E estes sentimentos são, exatamente, o contrário do que a Hipnose Ericksoniana busca.
Infelizmente, este tipo de caracterização negativa da Hipnose afeta a relação terapeuta / cliente. Sem a disponibilidade da informação necessária, o paciente pode imaginar como verdadeiros os mitos e os conceitos duvidosos difundidos. Por isto, você verá abaixo uma coletânea com as responder às dúvidas errôneas mais comuns relacionadas a Hipnose Ericksoniana. E, lembre-se sempre que a clareza da prática hipnoterapêutica pode salvar vidas.
O paciente fica totalmente inconsciente durante a sessão e não se lembra de nada quando “acorda”.
ERRADO. Este mito é o mais difundido a respeito da técnica hipnoterápica. Em nenhum momento da hipnose, o paciente fica inconsciente. Milton Erickson, pai da hipnoterapia moderna, afirmava que “o estado hipnótico é, essencialmente, um fenômeno psicológico que não tem relação com o sono fisiológico e que depende, completamente, da total cooperação entre o hipnotizador e o sujeito”. (Erickson, 1941)
O hipnotizador possui total controle sobre o hipnotizado.
ERRADO. De maneira alguma isso acontecerá. A pessoa em transe fica em um estado consciência focado, dono de si e de suas vontades. No caso do tratamento de algum trauma, situação correta para se aplicar a Hipnose, o paciente fica a “cargo” de seu próprio transe; é ele quem decide quando entra ou sai deste estado, conforme sua própria vontade, velocidade e profundidade.
Há palavras “mágicas” que induzem, imediatamente, a pessoa entrar em transe.
ERRADO. Esta questão é a principal diferença entre a “hipnose de palco” praticada para o entretenimento e a Hipnose Ericksoniana que é praticada para o desenvolvimento, o autoconhecimento, a evolução e para o tratamento de traumas e cura psicológica.
A Hipnose Ericksoniana é utilizada para a cura e um de seus grandes princípios é o respeito mútuo, a co-criação e a intenção. Portanto, não há palavras “mágicas”, pois, cada ser é ÚNICO, assim como sua cura. Porém, deve-se salientar que há, sim, palavras facilitadoras que ajudarão a conexão com experiências positivas, guardadas na mente inconsciente.
O estado de transe é induzido pelo hipnoterapeuta, mas não será ele que dará a permissão para completá-lo. Isso depende, exclusivamente, do paciente. Ninguém pode ser hipnotizado contra a própria vontade.
Posso nunca mais “despertar” de um transe hipnótico.
ERRADO. A Hipnose Ericksoniana trabalha, em todos os casos, com a pessoa consciente e ciente do que acontece a sua volta. E, como Milton Erickson, pai da Hipnose Ericksoniana, já dizia, há muito mais semelhança entre o estado hipnótico e o estado desperto do que com o sono fisiológico.