Uma reflexão sobre: As atitudes ericksonianas
Dizemos que uma atitude é um disposição interna que mobiliza comportamento afim a essa disposição. Todos temos algum tipo de atitude (disposição) influenciando aquilo que estamos fazendo no dia a dia. O artigo de hoje vai falar sobre as atitudes dentro da filosofia de Milton Erickson.
As atitudes Ericksonianas são determinadas perspectivas internas, que mobilizam comportamentos específicos do terapeuta em relação ao cliente, visando criar as condições propícias para mobilizar o fenômeno hipnótico (favorecer que o cliente acesse a sabedoria de sua mente inconsciente).
Nesse estudo da filosofia Ericksoniana, relacionada às atitudes, iremos abordar uma a uma, favorecendo exercícios específicos, visando amplificar a interiorização e expressão das mesmas.
ATITUDE 1: A VERDADE SERÁ REVELADA DE MUITAS FORMAS
A primeira atitude Ericksoniana a ser estudada fala que “ a verdade vem até nós de muitas formas”.
A verdade, fazendo menção as informações relevantes sobre o implícito do paciente, é comunicada na experiência clínica de diversas maneiras, e captada pelo nosso sistema através de diversos meios.
Comumente, vários estímulos perturbadores, como por exemplo, medo, preocupação, falta de confiança, ativação pelo que o paciente está compartilhando conosco, perturba o nosso foco, o que prejudica nosso acesso a algumas das informações valiosas, que emergem no contexto clínico.
Então podemos dizer, que a verdade vem até nós de muitas formas, na medida em que estejamos engajados com o paciente, transitando com qualidade em seu mundo interior, e presente para perceber as muitas informações compartilhadas e captadas através das sensações de nosso corpo, das nossas emoções, dos diálogos e imagens que emergem em nossa tela mental.
ATITUDE 2: OUVIR ATRAVÉS DA SUA SABEDORIA INTERIOR
Outra Atitude Ericksoniana convida-nos para, através da sentença de “Ouvir com seus olhos e ver com seus ouvidos”, decodificarmos as informações que captamos de nossos pacientes, através da nossa sabedoria interior.
Mas o que, especificamente, significa “decodificar as informações com nossa sabedoria interna”?
Sempre que fazemos menção à sabedoria interna, dentro da filosofia Ericksoniana, estamos nos referindo às informações que emergem da mente não-consciente.
E sabendo que ela se expressa de forma metafórica e não-liner, aprender a ouvi-la, visando ter percepções mais profundas sobre nossos clientes, significa não apenas acessar os canais onde esse material é registrado em nós, como também aprender a lidar e decodificar esse tipo de informação.
Mas, se estamos falando sobre outra pessoa, por que será valioso decodificar suas informações através da minha mente não-consciente?
Será um recurso extraordinário pois no momento em que estamos engajados com nossos clientes, a mente não- consciente do cliente, se conecta com nossa mente não-consciente. Essa conexão permite que a sabedoria interna do terapêuta recolha e interprete uma série de informações que estão no campo clínico, sendo manifestada pelo cliente, favorecendo o alinhamento das intervenções com a bússola interna do mesmo.
Dessa maneira, a aprendizagem de conseguir acessar e lidar com as perspectivas do não-consciente terapêuta, assim como a aprendizagem de construir bons engajamentos, geram as condições que são vitais, para construirmos compreensões mais bem ajustadas às necessidades do cliente.
ATITUDE 3: ACEITAÇÃO
Uma série de configurações improdutivas que emergem das relações parentais com a criança em desenvolvimento, podem gerar a percepção na imaturidade infantil (imaturidade como falta de recursos necessários para construir melhores compreensões), de que não existe espaço para ela ser sua mais autêntica e verdadeira forma de ser.
Como o afeto e a atenção são informações importantes, para a saciação emocional da criança em desenvolvimento ela, visando continuar recebendo esse alimento, entra em um jogo sutil de adaptações, assumindo os modelos que na sua fantasia são importantes, para ter valor aos olhos dos seus cuidadores e assim merecer receber o afeto e o reconhecimento.
Nessa estratégia, que acontece de forma muito primária como um comportamento de sobrevivência emocional, ela constrói um muro, onde muitos dos seus aspectos, que não se adaptam aos modelos imaginados, são negligenciados enquanto outros serão supervalorizados e até internalizados, ampliando a desconexão com sua autenticidade.
Por isso, uma das condições importantes para que nosso cliente encontre um clima adequado para mergulhar em seu mundo interior e acessar mais de si mesmo é a atitude, por parte do terapeuta, de aceitá-lo incondicionalmente, através de um comportamento de não julgamento e acolhimento dos materiais que o mesmo compartilha no contexto clínico.
Tal condição, por injetar no campo relacional a informação de que “está tudo bem ser ele mesmo”, gera um estado de segurança interior que possibilita o aprofundamento do cliente no encontro de suas partes, favorecendo que ele possa “ir além do muro construído” para acessar diversas necessidades e partes, que aguardam serem resgatadas e integradas. Portanto a atitude que preconiza “que todos somos perfeitamente imperfeitos – traz a informação do valor da aceitação, como geradora da segurança necessária, para o cliente se abrir à suas possibilidades verdadeiras.
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